por Nilton Sperb
Mesmo em sua infância, já que voltou à cidade há apenas sete
anos (2006), a New York Comic Con se equipara aos maiores eventos de quadrinhos
do resto dos Estados Unidos. Na verdade, o maior centro de convenções de Nova
York (Javits Center) está se tornando pequeno para tal acúmulo de atrações. Há
tanta coisa pra se ver que os agora quatro dias (estendidos dos iniciais três,
em 2010) são bem curtos (e passam bem rápido).
É humanamente impossível acompanhar todos os tipos de
entretenimento (e ainda visitar o andar do show room com freqüência) sem perder
algo importante... das tradicionais novidades que fogem dos quadrinhos,
passando aos vídeo games, filmes e seriados de TV, e exploram qualquer outra
mídia que envolve imagens impressas ou projetadas.
Portanto, é nos painéis e eventos especiais que se concentra
o melhor divertimento. Entre a apresentação das novidades pelos artistas, a
sessão de perguntas e respostas, e até as sinceras (e por que não,
singelas) declaraçōes de fatos curiosos e pitorescos sobre o dia-a-dia no
trabalho da várias áreas, dá pra ter um gostinho saboroso do universo por trás
dos bastidores da produção imagética dos quadrinhos afora.
MARVEL: Amazing X-Men & The Marvel Universe
“Nunca imaginei que um painel começando tão cedo
(11 da manhã da sexta-feira) iria atrair tanto interesse”, declarou Peter
David. Por outro lado, há tantos gibis e variações de grupos baseado nos
X-Men... (Inacreditável que 90 por cento da população de mutantes perdeu seus
poderes alguns anos atrás), que fica difícil de distinguir entre os Amazing, New & Smashing X-Men e
aqueles de que participa (ou não) Wolverine. Porém, diante da presença do
grande público no início de mais um dia da Convenção, não há como negar o apelo
que existe no material.
No meio do enorme lote, entretanto, um título se destaca, e só poderia ser do
veterano roteirista. Peter David retorna ao Universo X pra escrever uma nova
série chamada “X-Force” com um conceito bastante inovador: “Como os
super-heróis se comportariam se fizessem parte de um conglomerado corporativo”.
Daí o título Corporate.
Na sua longa série X-Factor, lançada
originalmente nos anos 80 e, após um hiato na virada do século, retornar com
força total em 2007, o escritor da velha guarda já tinha revirado o conceito de
mutantes de pernas pro ar, introduzindo citações filosóficas com inúmera
pitadas de humor. O que ele nos reserva desta vez, em um título que desde já
promete muito, nem o Sombra sabe!
Justice League: War
Batman tem uma nova voz nesse primeiro
longa-metragem animado completamente baseado nos conceitos da linha DC - Os
Novos 52. Jason O’Mara (dos seriados americanos “Life on Mars” e “Terra Nova”)
traz um tom mais suave ao Homem-Morcego, em comparação com o sombrio (e
tradicional) Kevin Conroy e o rouco Christian Bale dos filmes do cinema.
Uma coisa é certa, desta vez Jason vai contar
com maior longevidade no emprego. Ao contrário dos dois seriados de TV
mencionados acima, que foram cancelados ao final da primeira temporada, já
estão programados pelo menos dois outros longas com ele como a voz do Cavaleiro
das Trevas.
Segundo Andrea Romano, veterana diretora de
vozes dos desenhos animados, apesar de um começo um pouco turbulento nos ensaios,
o ator conseguiu sem muita dificuldade emprestar o seu charme a Bruce Wayne.
Jason é irlandês e teve que trabalhar um pouco no seu sotaque. Isso no entanto
não criou problema nenhum à diretora, que é acostumada no dia-a-dia com esse
tipo de coisa. (Seu marido é brasileiro.)
A apresentação abriu com a introdução da versão
especial do longa (em duas partes) de “The Dark Knight Returns”, longas
baseados na marcante serie de Frank Miller. O DVD set inclui uma entrevista
especial com o autor. Bate-Papo com a Marvel
Quase ao final dessa
apresentação fomos agraciados com uma grata surpresa: a aparição de George A.
Romero, o criador de zombies, director de “Night of the Living Dead” (“A Noite
dos Mortos-Vivos”). A presença deste inovador de filmes
de terror se deve ao fato de que ele, mais uma vez, é o autor de uma história
originalíssima da nova série de quadrinhos Marvel misturando zombies e vampiros,
“Empire of the Dead” (com impressionante arte de Alex Maleev).
O conceito narra
a batalha entre esses dois mais famosos tipos de mortos-vivos pela conquista e
domínio de nós, pobres mortais ainda vivos. Do alto de seus setenta e tantos anos,
George A. Romero é um senhor simpático que respondeu com bom humor e disposição
a todas as perguntas dos fãs presentes, contando histórias curiosas e anedótas
sobre o desafio que foi produzir o primeiro trabalho original de onde surgiu o
fenômeno que hoje toma conta de todas as mídias (dos vários filmes-sequências
aos quadrinhos e seriado de televisão).
Nota: Com toda a deferência ao saudoso Paulo Francis, grande crítico das artes na Globo durante os anos 80, procuramos não tentar traduzir literalmente os títulos originais das obras e painéis relacionados nesta materia, sob o risco de não acertar a adaptação que será usada no Brasil.
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