domingo, 20 de março de 2011

COLORINDO "PULSAR", DE ARTHUR GARCIA

Primeira página da saga de PULSAR , na revista FORÇA ÔMEGA de 1994. É assim, desmemoriado e sozinho num banco de trem, que PULSAR ressurge 20 anos depois de ter sido perseguido pela ditadura militar.


Em 1994, chegava ás bancas, o primeiro número de FORÇA ÔMEGA, a primeira revista em quadrinhos brasileira de super-heróis, totalmente colorida. Uma grande investida da Editora Escala, que estava iniciando suas atividades no mercado de hqs e buscava apostar em títulos nacionais. Na revista, duas séries distintas: a própria FORÇA ÔMEGA, e a saga de PULSAR, criações de ARTHUR GARCIA E JOÃO PACHECO. Fui convidado a colorizar as duas séries, pelo ARTHUR GARCIA, um dos maiores desenhistas brasileiros, ganhador do prêmio "o Mosquito", em Portugal e do Troféu HQ MIX em 1995 e 1996. Iniciamos aí uma parceria que se estende até hoje, em vários trabalhos. A saga de PULSAR, obteve mais sucesso, com uma história apaixonante sobre um herói nascido na época da ditadura militar no Brasil. A história começa em 1972, quando os militares decidem eliminar os super-heróis existentes no Brasil, acusandos-os de subversão. PULSAR escapa, e reaparece, como mostra a página acima, nos dias atuais e quer descobrir o que aconteceu com ele e com seus amigos. Na cor, tive a ajuda de grandes parceiros, como Fabio Sliachticas, Aparecido Norberto (Cidão) e Vera Tolaine.
Retomada da saga de PULSAR, em 1995, na revista MASTER COMICS, editada por Alexandre Nagado.


A revista FORÇA ÔMEGA, teve apenas três edições, deixando sem conclusão a primeira parte da saga de PULSAR denominada OS ARQUIVOS DE JUDAS. Porém, em 1995, PULSAR volta na revista MASTER COMICS, também da Escala,  para um acerto de contas com seu arquiinimigo MESTRE SATÂNICO, que possuindo o corpo do General Euler, seu carrasco na época da ditadura, quer eliminá-lo a qualquer custo. O confronto se dá, nada mais nada menos, que na Avenida Paulista, símbolo de São Paulo. Esta segunda parte denominada DIAS DE TROVÃO, foi concluída em três edições, e foi brilhantemente desenhada por Arthur Garcia, colorizada por mim, e com arte final de Alex Silva, Silvio Spotti e Vanderlei Feliciano. A história é dedicada a João Pacheco, co-criador do personagem, que falecera precocemente naquele ano.
PULSAR, reapareceu para os leitores em dezembro de 2008, em uma história inédita, na revista TEMPESTADE CEREBRAL, de Alex Mir.
Primeira página do último capítulo de DIAS DE TROVÃO. Master Comics, Editora Escala, 1995.

quarta-feira, 2 de março de 2011

MEU MELHOR TRABALHO NUNCA FEITO

1991 foi um ano de grandes realizações. Pessoais e profissionais. Foi o ano em que eu me casei com a Terezinha, portanto, estamos comemorando 20 anos de casamento! Foi o ano em que eu participei do projeto Graphic Disney PATRULHA DO UNIVERSO, que eu considero o meu melhor trabalho de colorização de quadrinhos, o qual eu já comentei neste blog. Mas meu melhor trabalho poderia ter sido outro. Que nunca foi feito. Vou explicar. Depois do lançamento da PATRULHA em abril de 1991, eu fui chamado para vários trabalhos de colorização. O pessoal gostou do que viu nas bancas e pipocava trabalho de todo lado. Bom para um cara que acabara de se casar, cheio de contas pra pagar, viagem, aluguel, móveis, enfim, aquelas coisas de recem-casado mesmo. E aí, meu amigo Sérgio Furlani (Pardal), me chama num canto do Estúdio Disney da Abril Jovem, e diz que pegou um trabalho, mas não poderá fazer. E me pergunta se eu não quero substituí-lo. Sem pestanejar, digo SIM, claro, com tanta conta pra pagar! Pardal me passou o telefone e eu liguei pra ele. Marcamos após o expediente da Abril, em um estúdio no Alto da Boa Vista. Chegando lá ele se apresenta. LUIS GÊ, em pessoa!!! Eu estremeço! Cara, eu sempre fui fã dele, acompanhava seu trabalho desde TUBARÕES VOADORES do Arrigo Barnabé, aos seus quadrinhos na revista CIRCO. Adorava seu traço e, de repente, eu estava de frente com ele! E ele começa a explicar o que seria o trabalho. Queria uma colorização leve, com aquarela líquida (ecoline) em cima do seu traço á lapis, para depois com a cor de base, trabalhar em cima com grafismos e nuances. E eu também o ajudaria nessa parte. Seria um trabalho a quatro mãos, com um prazo apertadíssimo para suas 66 páginas. Durante uma semana fui ao estúdio dele á noite. Um assistente passava seu desenho na mesa de luz para uma folha de Schoeller A3, para que eu pudesse colorir em cima. Desenhos grandes, enormes. Grandes cenários e detalhes. Fazia um, não ficava bom, pedia pra passar de novo e refazia. Tinha que ficar cem por cento, porque eu estava fazendo um trabalho diferente do que eu fazia, pois, não era hq infantil, era uma temática diferente, um jeito diferente de contar a história. E era o grande LUIS GÊ!
Aí começou a me incomodar o fato de eu ter que ir todas as noites lá, e tambem pelos próximos 8 finais de semana, segundo ele. Para um recém-casado, não era nada agradável. Era dedicação total mesmo e eu realmente não estava preparado para isso. Depois de uma semana de trabalho, me retirei do projeto. Hoje analiso e vejo que faltou empenho meu e sobrou imaturidade. Reencontrei LUIS GÊ alguns anos depois na Abril Jovem e me desculpei novamente pela mancada. Eu o admirava muito e não queria que ficasse com má impressão de mim. E sinceramente, me arrependo até hoje de nao ter participado do projeto todo.
Mas afinal, qual era esse trabalho? Pois bem. Após NOVE meses de trabalho, onde se gastou tinta, papéis, e sola de sapato, fotografando construções, casas e edifícios, entrevistando pessoas e fazendo pesquisas, saiu na Revista Goodyear |(órgão interno da empresa de pneus, portanto o album não esteve á venda), a Graphic Novel FRAGMENTOS COMPLETOS, contando a história da Avenida Paulista, que fazia 100 anos. É considerado até hoje um dos melhores trabalhos do genial LUIS GÊ. Eu escrevi para a Goodyear e consegui o meu exemplar. É maravilhoso. Para nossa sorte ouvi dizer que será relançado esse ano, só não sei por qual editora. Quem não viu, verá.
Capa da revista Goodyear com a Graphic Novel "FRAGMENTOS COMPLETOS". Saiu em 1991.
Única prancha que ficou comigo, pois não foi aproveitada. É a primeira cena da Graphic Novel . Os tropeiros em Itaquera, em 1889. Traço a lápis sobre Schoeller. Pintura com ecoline. Na sequência, vejam a mesma cena finalizada, no alto da página.
Abaixo, uma das páginas que mais gosto da obra. Vamos aguardar a republicação para esse ano!