quinta-feira, 8 de novembro de 2012

FOLHINHA DE SÃO PAULO, O SUPLEMENTO QUE MARCOU GERAÇÕES

Capa do número 1

Quando Lenita Miranda de Figueiredo, a Tia Lenita, criou junto a editoria da FOLHA DE SÃO PAULO o suplemento infantil FOLHINHA, não poderia imaginar o que ela se tornaria para seus leitores. Um sonho, uma fábula, uma viagem a um mundo de conhecimento, informação, divertimento e entretenimento, que vinha encartada todo domingo no jornal que os pais compravam. A criança acabara de ganhar seu próprio jornal. A idéia era exatamente essa, mas a proposta foi além.

Lançada em 08 de setembro de 1963, tinha como missão formar o futuro leitor da FOLHA, ser fonte de pesquisa para seus trabalhos escolares, divertir e ajudar no seu crescimento intelectual. Para a criação do suplemento abriu-se uma concorrência, que contou com a participação do então iniciante Maurício de Sousa (que já publicava na FOLHA) e de Barbosa Lessa Produções, que apresentou um projeto mais juvenil, com trabalhos de Rodolfo Zalla, Colonnese, Manoel Victor Filho e Júlio Shimamoto. A Folha escolheu então o projeto de Maurício, que também contou com a participação de Shimamoto e de Paulo Hamasaki.

Anúncio de lançamento da FOLHINHA, na tira diária do Cebolinha. FSP, 1963

No primeiro número, o editorial colocava a própria Folhinha se apresentando aos leitores como fonte de leitura sadia e de entretenimento, os convidava a colaborar em suas páginas e já previa: Quem sabe se vocês encontrarão um dia em mim, o árduo e querido caminho para o jornalismo profissional.
O suplemento com 16 páginas, apresentou em sua primeira edição as seções: Maravilhas da natureza, Histórias da Tia Lenita, O assunto é Teatro (com dicas de pecas teatrais), Você Sabia, Aprenda Brincando, Literatura, além de matérias como O que você vai ser quando crescer, O menino que foi ao Zôo medir o pescoço da Girafa, entre outras. A personagem Augustinha, desenhada por Maurício, dava aulas de etiqueta para as meninas. Nos quadrinhos, quase tudo de Maurício de Sousa: tirinha do PAPA-CAPIM e páginas com hqs de RAPOSÃO e HORÁCIO, e uma página apresentava o primeiro capítulo da hq O GAÚCHO, que embora saísse com o copyright MSP, era criação de Julio Shimamoto, que a recebera como pagamento pelo trabalho na elaboração do projeto da FOLHINHA.

Para as meninas, Augustinha dava aulas de etiqueta, ou como se dizia na época, de bom-tom. Folhinha n. 1, 1963.


O GAÚCHO, de Julio Shimamoto, foi publicada por quase três anos e quase virou
seriado na TV TUPI.
Folhinha, dezembro de 1963.
Contando com o apoio e orientação da Secretaria da Educação e Cultura, o jornalzinho caiu no gosto da criançada e com o passar dos anos foi se aprimorando, sempre procurando acompanhar os costumes e as mudanças de cada época e a modernização e evolução do ensino.
Vários ilustradores eram convidados a participar, muitos deles em início de carreira. Eduardo Vetillo foi um deles, que, por um período ilustrou as páginas centrais. Maurício de Sousa continuava como ilustrador principal e ampliava cada vez mais seu estúdio, que funcionava no próprio edifício sede da FOLHA.
Durante a década de 1960, a Folhinha sofreu redução do seu número de páginas, chegando a década seguinte com apenas 8, metade do formato original. O suplemento só voltaria a ter 16 páginas novamente, a partir de 19 de maio do ano de 1974.


Capa de Kimura, um dos muitos ilustradores convidados.


Capa da edição 576 da FOLHINHA, que apresentava um novo formato. Ano de 1974. 
Em 22 de setembro de 1974, a Folhinha entra em nova fase. Adota o formato meio tablóide, totalmente colorido e reformulado. Tal formato era mais próximo de uma revistinha, mais agradável a criança e o conteúdo era enriquecido com novas seções. É essa a fase mais brilhante do suplemento, comandada a partir de então pela jornalista Cecília Zioni.
Seções como Quadrinha da Mamãe, A origem do Seu nome e Cozinheirinha caem no gosto dos leitores. Na seção História, textos enfocando momentos importantes do passado do Brasil e do mundo, que serviam como base para trabalhos escolares. A seção Calendário, explicava a origem e o significado das datas comemorativas. Em Ciências, experiências eram ensinadas, sempre com textos de especialistas.





Em A CRIANÇA ESCREVE, textos enviados pelos leitores eram publicados, podendo ser poesia, conto, prosa, enfim, era um espaço livre. Até os mais crescidinhos tinham sua vez na seção Jovens, que abria espaço para textos e poesias da garotada de 12 anos ou mais. Mas, sem dúvida alguma a emoção maior de muitos leitores era ver seu desenho publicado na Folhinha. Eventualmente trazia problemas para os editores, pois muitas vezes tal reprodução saía ruim, devido ao material utilizado pela criança, como lápis de cor, por exemplo. Mas o que isso importava? Era o desenho dela que estava lá. E mesmo saindo bem fraquinho, seu nome estava grafado e aí então era só sair com o jornal debaixo do braço, mostrando para os colegas, pais e professores, todo orgulhoso! Eu fiz isso e com certeza muitos que estão lendo essa matéria também o fizeram!

A alegria da criança era ver seu desenho na FOLHINHA.

Eram três seções: O DESENHO DOS CAÇULAS, A CRIANÇA DESENHA e FUTURO ARTISTA. Os menorzinhos tinham espaço na primeira. A CRIANÇA DESENHA, publicava desenhos de crianças na faixa dos sete a dez anos. A seção FUTURO ARTISTA publicava histórias em quadrinhos e tirinhas dos leitores. E encantava o aspirante a desenhista que já sonhava em ser um Maurício de Sousa. O nome já previa: FUTURO ARTISTA. Muitos que vibraram com sua tirinha, sua hq, publicada pela primeira vez em um jornal de grande circulação, tornaram-se grandes artistas do traço.

Por onde andará o leitor Júlio de Toledo Lens, que publicou várias hqs na FOLHINHA?
O espaço aberto a publicação de textos dos leitores também os incentivou a escreverem profisionalmente. O jornalista Antonio Barbosa Filho conta em seu blog (abarbosafilho.blogspot.com):
Na verdade, era uma pequena redação sobre o Dia da Pátria, poucas linhas, cujo texto não tenho, nem na memória. Mas ver a redação nas páginas do suplemento da Folha marcou minha vida: a partir dali não poderia ser outra coisa, se não jornalista.

O jornalista Nobu Chinen, especialista em hq, também foi leitor assíduo da Folhinha. E como ele foram muitos, que também tiveram ali a primeira oportunidade de mostrar seu trabalho.
A Folhinha também lançou grandes autores. Eva Furnari publicou ali suas primeiras tirinhas ali. Como colaboradores pudemos acompanhar o trabalho de Regina Melillo de Souza, Edson Gabriel Garcia, Ganymedes José, Edson Kosminsky, Tenê de Casa Branca, Léa Corrêa Pinto, Maria Julieta S. Ormastroni, Eunice Veiga, Angelo Zioni, entre tantos outros. Ilustrações de Moacir Torres, Carlos Avalone, Eduardo Luís (hq OS BATUTAS), Robson Barreto (hq FININHO), Kimura.
Maurício de Sousa apresentou grandes aventuras do dinossaurinho Horácio, todas em capítulos. São dessa época as hqs HORÁCIO E OS NAPÕES e A FLOR DE CACTUS.


Uma edição inesquecível: Natal de 1975. Nela é contada como é comemorado o Natal
em diferentes países.
 


A partir da edição de 30 de janeiro de 1977, a Folhinha passa por nova reformulação. Volta a ter 8 páginas no formato tablóide. Com isso, algumas seções são cortadas e a nossa FUTURO ARTISTA, passa a se chamar simplesmente HUMOR, mas continua publicando tirinhas enviadas pelos leitores.

Capa da edição de 30 de janeiro de 1977, que voltava ao formato tablóide, com oito páginas.


Mesmo com espaço reduzido, a FOLHINHA continuou publicando as tirinhas dos leitores.


Minha estreia...um pouco tardia: 18 de janeiro de 1981, com a tirinha da personagem RITA. Cheguei a levar a carta diretamente na sede da FOLHA, pois não confiava em caixa de coleta...


Depois, acabei mandando mais...

Durante a década de 1980, a Folhinha passa por várias transformações, perdendo inclusive a editora Cecília Zioni, que em 1985 foi substituída por Bel Kranz. As três seções que publicavam desenhos, foram substituídas pela página O espaço é seu. Com a saída de Cecília, a melhor fase do suplemento chegara ao fim.
Em 1987, Maurício de Sousa sai da FOLHA e assina contrato com o jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, para produzir o recém-lançado suplemento ESTADINHO.
Com a saída de Maurício, o cartunista Glauco ganha espaço com ilustrações e tirinhas de Geraldinho, versão mirim de Geraldão, seu personagem de maior sucesso. Depois, passou a circular aos sábados e assim foi prosseguindo, chegando a década de 1990 e 2000 sempre procurando acompanhar a evolução da criança, como hoje, que apresenta matérias com links da internet.
A Folhinha foi para uma geração, o mesmo que a célebre O TICO-TICO, que circulou semanalmente entre 1905 e 1962.
E ela ainda está aí. Não sei se causa o mesmo encantamento que aquelas poucas páginas coloridas nos causavam. Não sei se marejam os olhos das crianças de hoje, como ficávamos nós ao ver nossa pequena tirinha ou desenho, ali publicado. As crianças de hoje se encantam com outras coisas. Não sei também se todas as pessoas que trabalharam durante os anos 1960 a 1980 no suplemento, tem a ideia de quanto a Folhinha foi importante na formação moral e principalmente profissional de seus leitores. Pois então, alguns deles estão aqui.
Hoje brilham no mercado editorial, encantando as pessoas com seu trabalho, fazendo o mesmo que o nosso jornalzinho fazia, quando chegava todo domingo.


LAUDO FERREIRA JR

Desenhista nascido em São Vicente, SP, em 1964, é autor da série HISTÓRIAS
DO CLUBE DA ESQUINA, da trilogia YESHUAH e de adptações de clássicos para os
quadrinhos. Ganhador do Prêmio Angelo Agostini de Melhor Desenhista de 2007.
Dirige o Estúdio Banda Desenhada.

BIRA DANTAS

Ubiratan Dantas é chargista, quadrinista e caricaturista, estagiou no Estúdio Ely Barbosa, e
desenhou para a revista Os Trapalhões. Colaborou com as revistas em
quadrinhos QuadrECA, Pântano, Tralha, Porrada, Megazine e Bundas. Ilustrou
publicações empresariais como revistas da IBM, Rockwell Fumagalli, 3M, Lix,
Caterpillar do Brasil, Eaton, e apostilas do Anglo, entre outras.
Foi premiado com o Troféu HQ MIX em 2008, pela adaptação para os quadrinhos
de DOM QUIXOTE.

MAURICIO RICARDO

Maurício Ricardo Quirino é um chargista, cartunista brasileiro e músico.
Foi criado em Uberlândia, em Minas Gerais. É o roteirista e desenhista do
site Charges.com.br, que iniciou por diversão. É o criador das charges do
reality show BIG BROTHER BRASIL, da  Rede Globo de Televisão.

SPACCA

João Spacca de Oliveira é autor de livros em HQ, cartunista e ilustrador. Publicou pela editora
Companhia das Letras o premiado ³Santô e os Pais da Aviação². Lançou também
³Debret², ³D.João Carioca² (em parceria com Lília Schwarcz) e a adaptação de
³Jubiabá² de Jorge Amado para o selo ³Quadrinhos na Cia². Recebeu menção
honrosa em um concurso de desenho da FOLHINHA, quando tinha 11 anos.


ARI NICOLOSI

Ilustrador e animador de curtas e longas metragens, participou de várias
produções dos Estúdios Maurício de Sousa, como AS AVENTURAS DA TURMA DA
MÔNICA (1982), MÔNICA E A SEREIA DO RIO (1987) entre outras. É o autor da
série em animação ZICA E OS CAMALEÕES.


FLÁVIO TEIXEIRA DE JESUS

É um dos roteiristas mais antigos dos Estúdios de Maurício de Sousa, sendo o
autor do primeiro arco de histórias da série TURMA DA MÔNICA JOVEM. Escreveu
também a edição especial de número 50, que apresenta o casamento entre
Mônica e Cebolinha. Quando mandou seu desenho para a FOLHINHA aos 7 anos de
idade, não imaginava que trabalharia no mesmo estúdio que ilustrava o
suplemento.



FERNANDES

Luis Carlos Fernandes é ilustrador e caricaturista. Desenhou para o DIARINHO, suplemento do jornal
DIÁRIO DO GRANDE ABC. Ilustrou em parceria com o desenhista Girotto a série
de livros do CASTELO RÁ-TIM-BUM. Premiado em Salões de Humor, ilustra livros
infantis e para a publicidade.

CLEITON CAFEU

Desenhista e animador, trabalhou nos Estúdios Ely Barbosa, Senninha, HGN,
entre outros. Atualmente dirige seu próprio estúdio de animação, realizando
curtas animados e vinhetas para publicidade.


ROSANA E ROBERTO MUNHOZ

ROSANA MUNHOZ
Foi uma das melhores profissionais que já passaram pelos Estúdios MSP.
Desenhista e roteirista criou inúmeras histórias com os personagens de
Maurício. Mandou seus desenhos para a FOLHINHA e alguns anos depois, já
profissional, passou a ilustrar o suplemento. Faleceu em 1996.

ROBERTO MUNHOZ
Desenhista e roteirista, trabalhou em parceria com a irmã Rosana em hqs para
as revistas Chaves e Revista da Xuxa, para a Editora Globo. Na década de
1990, fundou junto com o desenhista Paulo José a Editora Bingo, que
publicava o jornalzinho KIDNEWS. Atualmente é um dos principais roteiristas
dos Estúdios MSP. Aliás, a parceria com a irmã vem desde pequeno, quando
publicou seus desenhos junto aos dela, na Folhinha.

Essa matéria não termina aqui. Quem participou da Folhinha entre as décadas de 1960 a 1980 e quiser homenageá-la, mande pra cá o seu desenho, texto, ou o que for, que será incluído nessa matéria. Conte-nos como o suplemento influenciou sua vida.
Para encerrar, ela também está aqui: a nossa grande jornalista CECÍLIA ZIONI, que para nós, que ainda temos a nossa criança aqui dentro, vivinha, a nossa TIA CECÍLIA!

ENTREVISTA COM CECÍLIA ZIONI


ALEXANDRE: Quando foi que vc assumiu a editoria da FOLHINHA DE S. PAULO e quais mudanças você promoveu?
CECÍLIA: No começo dos anos 70, quando a redação da Folha de S.Paulo passou por reformulação e fui convidada para o posto, pelo novo redator-chefe, Ruy Lopes. Fui a segunda editora.

ALEXANDRE: Como se escolhia os temas de cada edição? Havia interferência e ou acompanhamento de algum órgão público?
CECÍLIA: Não havia nenhuma interferência - interna ou externa. Como editora, tinha autonomia, subordinada, claro, à linha editorial do jornal, que sempre se pautou pela independência. O objetivo da Folhinha era formar o futuro leitor do jornal; por isso, observava-se um tripé ao definir a pauta: a) informar, b) divertir, c) formar e servir. Neste último item, a ideia era fornecer elementos que complementassem/subsidiassem/auxiliassem o leitor em trabalhos escolares e em seu avanço intelectual - o que incluia publicar textos e desenhos produzidos pela criança e pelo jovem.

ALEXANDRE: Quem escrevia os textos e como se faziam as pesquisas?
CECÍLIA: Os textos jornalísticos eram feitos pela equipe (editora/repórter); os textos didáticos, por professores especializados, convidados pela editoria; os contos e as crônicas, por escritores, também a convite. A propósito, gosto de lembrar que essa "corrente" de excelentes escritores foi formada espontaneamente, com inspiração e ajuda de duas das pessoas mais importantes na literatura brasileira, Tatiana Belinky e Stella Carr.
Mauricio de Sousa e sua equipe produziam quadrinhos, além de ilustrações para todo o suplemento. Ilustradores (novos e/ou conhecidos) eram convidados a participar em todas as edições, para dar diversidade ao suplemento, abrindo espaço para novos talentos e novas experiências. Gosto de lembrar que a primeira tira de Eva Furnari saiu na Folhinha, há mais de 30 anos.

.ALEXANDRE: Quando vc saiu da FOLHINHA e por quê?
CECÍLIA: Sai na metade dos anos 80, em nova reformulação da redação da Folha de S.Paulo. Voltei ao posto anterior, na reportagem da Economia, no mesmo jornal.

ALEXANDRE: Pra vc, como é saber que a FOLHINHA, principalmente durante a sua gestão, incentivou tantas crianças a criar, desenhar, escrever, e que hoje, muitas delas se tornaram excelentes profissionais?
CECÍLIA: Esse é o maior orgulho de minha vida profissional. Tive liberdade, na FSP, para abrir esse espaço a talentos promissores. Meu "prêmio Nobel" pessoal é ver a Folhinha citada como origem de carreira e/ou vocação por vários jornalistas, escritores, ilustradores, chargistas, desenhistas e outros profissionais.
E isso tem significado momentos de alegria. Um exemplo: no final dos anos 90, como repórter de Economia reencontrei um dos jovens "colaboradores" de tirinhas, já então como diretor de banco, expert em investimentos imobiliários. Ele relatou, nessa época, que uma de suas grandes alegrias era ver seus personagens no jornal, quando tinha 15/16 anos.
Outro caso que gosto de lembrar é do jovem que queria ser jornalista, mas o pai preferia que ele fizesse vestibular de Direito. Ele fazia belos textos para a Folhinha e foi me pedir conselhos. Eu o aconselhei a fazer as duas faculdades, uma por ele, outra pelo pai. Ele seguiu meu conselho e hoje, além de escritor considerado, dirige um instituto cultural de renome.
Na mesma linha, é recompensador este seu aparecimento, ainda mais por você se dedicar a uma parte do jornalismo que merece muita atenção e estudo, principalmente agora que as novas mídias eletrônicas ampliam o acesso de crianças à palavra escrita e ao traço!
Agradeço imensamente a participação e o carinho da jornalista Cecília Zioni.

BIBLIOGRAFIA:
ACERVO FOLHA (Também meus sinceros e imensos agradecimentos!)
VOLÚPIA, Julio Shimamoto, Editora Opera Graphica, 2000