Em 2011, estreou no canal HBO, a série GAME OF THRONES, baseada no best-seller AS CRÔNICAS DE GELO E FOGO, sucesso mundial de autoria de George R. R. Martin, que já rendeu cinco volumes com mais de 15 milhões de exemplares vendidos. No Brasil é publicado pela editora LEYA. Com a estreia na tv, a obra ficou conhecida por um público bem maior, fez uma multidão de fãs (só nos EUA a série já foi vista por 4,2 milhões de espectadores) e passou a aparecer em outras mídias, como os quadrinhos. A iniciativa foi da editora americana DYNAMITE em parceria com a BANTAM BOOKS.
Capa alternativa de ALEX ROSS
Capa especial para o NEW YORK COMIC CON - Outubro de 2011
Conheçam agora IVAN NUNES, um brasileiro em A GAME OF THRONES!
Qual a sua formação?
Sou formado em Processamento de Dados mas a vontade de pintar e desenhar vinha desde pequeno o que acabou me direcionando para outro lado.
Conta pra gente como foi seu início de carreira e como vc chegou ao estúdio IMPACTO.
Como disse sempre gostei de arte e isso me levou diretamente aos quadrinhos. Na minha opinião, as histórias em quadrinhos englobam tudo o que você puder aprender em desenho e atualmente em pintura. Sempre trabalhei como desenhista artístico e como hobby tentava entrar no mercado de quadrinhos, aos poucos fui colorindo meus trabalhos pra ver o resultado final e quando percebi gostava mais de colorir do que desenhar (não! estou mentindo, as duas coisas são ótimas!), mas passei a me dedicar mais as cores e quando achei que estava num nível bom comecei a procurar alguém para me representar, foi quando encontrei a IMPACTO, encaminhei alguns trabalhos ao Klebs, ele achou que eu tinha potencial e estamos juntos no mercado americano há mais de 6 anos.
Quais foram seus trabalhos anteriores a A GAME OF THRONES?
Tenho muitos, a grande maioria pela Dynamite. Hoje a quantidade de comics que eu colori já passam de 90, sendo os principais, Army of Darkness (20 edições), Battlestar Galactica, Raise the Dead, Superpowers II, Meet the Bad Guys, Black Terror, Green Hornet (21 edições), Game of Thrones, Bionic man, além de várias edições one-shot e uma tonelada de capas (já chegam a 170).
Vc fez algum teste para a Dynamite antes de iniciar o seu trabalho na série?
Sim. Eu já conhecia os livros e quando esse teste caiu em minhas mãos tentei agarrar com unhas e dentes. Dentre os que o fizeram, foram escolhidos os três melhores e alguns ajustes solicitados diretamente por Daniel Abraham que procurava fidelidade absoluta aos detalhes do livro. Acabei conseguindo e isso foi muito bom.
Como é o processo de trabalho na série A GAME OF THRONES? Vc teve referências para criar as cores dos cenários/personagens? Assistir a série auxilia no seu trabalho de colorização?No início recebi as referências dos personagens principais, pois Abraham quer que os quadrinhos sejam fiéis em relação aos livros de George R.R. Martin. Principalmente cores de cabelos e olhos, cores de algumas roupas relativas a cada reino, etc. O restante, como cenários e ambientes foi deixado à meu cargo mas para isso eu procuro referência nos livros que descrevem muitos dos cenários. Quanto à série da HBO, eu a uso para inspiração (eu adoro essa série) mas não para cores uma vez que ela não segue 100% o que é descrito nos livros.
Quais são seus artistas preferidos?
Me inspiro em vários mas sempre tentei ter o meu estilo, apesar dele variar de acordo com o desenhista que estou trabalhando. Por exemplo hoje trabalho simultaneamente em Game of Thrones e Bionic-Man. Se você ver as duas revistas os estilos de cor parecem muito diferentes. No caso do Jonathan Lau (Bionic man) já trabalho com seu traço há 3 anos e sei o que ele gosta. Já Tommy Patterson (Game of Thrones) faz cenários mais indefinidos o que me dá mais margem para uma melhor ambientação. Mas voltando a pergunta, são eles Peter Steigerwald, Justin Ponsor, Marte Gracia, Kinsun Loh entre outros.
Me inspiro em vários mas sempre tentei ter o meu estilo, apesar dele variar de acordo com o desenhista que estou trabalhando. Por exemplo hoje trabalho simultaneamente em Game of Thrones e Bionic-Man. Se você ver as duas revistas os estilos de cor parecem muito diferentes. No caso do Jonathan Lau (Bionic man) já trabalho com seu traço há 3 anos e sei o que ele gosta. Já Tommy Patterson (Game of Thrones) faz cenários mais indefinidos o que me dá mais margem para uma melhor ambientação. Mas voltando a pergunta, são eles Peter Steigerwald, Justin Ponsor, Marte Gracia, Kinsun Loh entre outros.
Vc trabalha sozinho? Além de trabalhar como colorista, vc ensina sua técnica tb?
Sim, trabalho. Nunca tentei ensinar, mas acredito que não seria muito bom nisso uma vez que trabalho mais com a prática e meus instintos. Na verdade acho que tenho muito a aprender antes de começar a ensinar.
Muitos artistas aqui no Brasil, tem que trabalhar em outras áreas, como publicidade, livros didáticos, storyboard, além das hqs. Dá para viver só de quadrinhos?
Atualmente eu vivo. E eu acho que um colorista pode viver ainda melhor nesse ramo, porque apesar de um desenhista ganhar mais, em geral ele consegue fazer uma revista por mês enquanto um bom colorista com prática pode colorir até três revistas. Logicamente que estamos falando do mercado internacional.
O lançamento de A GAME OF THRONES foi no NYCC 2011. A série já está sendo publicada em vários países. Vc já esteve ou foi convidado a participar de convenções internacionais de hq?
Não. E não ligo muito pra isso. Acho que o que eu preciso mostrar e o que eu quero que gostem é o meu trabalho de colorização.
Cena da série da HBO. Final da primeira temporada.
Na série em quadrinhos, ela acaba na edição 24.
Na série em quadrinhos, ela acaba na edição 24.
Vc tem ou está participando de algum projeto de quadrinhos nacionais?
Não. Até porque acho que são poucos os que se arriscam em nosso País. Mas gostaria muito de que um dia pudéssemos ser reconhecidos por aqui pelo que fazemos aqui.
O que vc pode dizer para as pessoas que querem ser coloristas de hq?
Fazer hoje em dia o que se gosta é um privilégio para poucos, mas já li em algum lugar que se você trabalha com o que gosta então não precisará trabalhar um só dia em sua vida.
Se querem ser coloristas, dediquem-se a isso, procurem cursos de colorização de quadrinhos (isso lhe poupará muitos anos que você gastaria aprendendo sozinho), vejam muitos quadrinhos (na verdade estudem muitos quadrinhos). Imagine que você estivesse colorindo cada quadro daquela revista, se questione porque o colorista usou esta cor e não aquela em determinado local e principalmente treinem muito. Só a prática levará a perfeição. Não desgastem seu relacionamento com agentes e editores tentando fazer eles engolirem cores que nem mesmo você está satisfeito, seja autocrítico e só mostre seu portfolio quando você achar que já tem um nível razoável para ser reconhecido.
Depois de entrevistá-lo via e-mail, ainda me bateu a curiosidade de saber mais sobre o seu dia-a-dia, e Ivan ainda me contou que acorda as 7 horas da manhã, e só pára quando termina as três páginas diárias de sua produção. Além de A GAME OF THRONES, ele está fazendo THE BIONIC MAN, outra adaptação da DYNAMITE, da série O HOMEM DE SEIS MILHÕES DE DÓLARES, no traço de Jonathan Lau.
Para conhecerem um pouco mais sobre o trabalho de Ivan acesse:
<http://www.ivan-nes.deviantart.com>
O blog ALEARTE QUADRINHOS agradece a Ivan Nunes que inaugurou a nossa série de entrevistas.
Depois de um ano focando a produção de quadrinhos das décadas de 1980, 1990 e 2000 (que ainda vamos continuar) o blog agora inicia uma série de entrevistas focando o trabalho de artistas ainda pouco divulgados pela mídia, ou até bastante conhecidos, mas que aqui terão a oportunidade de mostrar uma outra faceta do seu trabalho, nos contando curiosidades, passagens engraçadas, casos e bastidores do mundo das hqs!
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