OS QUATRO PRIMEIROS TÍTULOS LANÇADOS PELA TRAMA EM 1997.
TODAS PRODUÇÕES NACIONAIS.
Marcelo Cassaro já era um grande talento das hqs, quando em 1996 apresentou para a então novata Editora Trama, o projeto de uma revista de RPG (Role Playing Games). Tendo trabalhado nos Estúdios Mauricio de Sousa, na Abril Jovem (TRAPALHÕES, DIDI VOLTA PARA O FUTURO E AGENTE CÃOFIDENCIAL) e na Escala (STREET FIGHTER), era chegada a hora de editar uma revista sobre a febre daquela época, os jogos de interpretação. E assim surgiu a DRAGÃO BRASIL, na Trama, editora de propriedade de Ruy Pereira, que em 1991, foi um dos fundadores da Editora Escala, junto a Hercilio de Lourenzi. Para produzir a revista, Cassaro conseguiu reunir um grande número de ilustradores, muitos deles desconhecidos do grande público e que estavam mostrando seu trabalho em uma revista de grande circulação pela primeira vez: Márcio Alex Sunder, André Vazzios, Evandro Gregório, Marcelo Caribé, Rogério Vilela, entre outros. Fanático por hqs, Cassaro procurava sempre alternar matérias sobre RPG com quadrinhos, e com isso, fez da revista um grande sucesso, ofuscando inclusive a sua concorrente DRAGON MAGAZINE da major Abril.
Foi na revista que Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e J. M. Trevisan criaram o cenário de RPG TORMENTA, que apresentou ao público o Mundo de Arton, que futuramente seria cenário de várias hqs publicadas pela editora. Foi daí que originou-se a ideia: ora, se HQ e RPG tem tudo a ver, porque não lançar quadrinhos baseados nos RPGs e seus personagens? E assim acontecia uma grande revolução na hq brasileira. Com carta branca da editora para aprovar e dirigir os projetos, Marcelo Cassaro comandou o trabalho e lançou várias minisséries (quase todas ao mesmo tempo), com um visual até então inédito no Brasil. A idéia era fazer hqs no estilo da Image Comics, tanto no estilo dos desenhos, quanto na colorização, já que a novata editora americana havia praticamente oficializado a pintura digital nas hqs.
O primeiro lançamento foi a minissérie GODLESS, baseada no RPG Arkanun de Marcelo Del Debbio, criação de Márcio Alex Sunder e William Shibuya, com desenhos do próprio Márcio, arte final de um certo Rodrigo Kings (o conhecido colorista Rod Reis, em início de carreira) e Edde Wagner, com colorização de um dos precursores do gênero no Brasil, Alexandre Jubran e letras de Miriam Tomi ( a excelente Lilian Mitsunaga, usando pseudônimo já que era contratada da Abril Jovem). Foi o trampolim para que Márcio Alex Sunder ficasse conhecido e tempos depois fosse trabalhar com hqs para os EUA.
Em seguida, foi lançada UFO TEAM, minissérie em 4 edições era baseada no RPG Invasão, de Marcelo Cassaro, desenhos e arte de Joe Prado (na época estreando nas hqs, e atualmente um dos melhores desenhistas da DC Comics, parceiro de Ivan Reis em Aquaman), cores de Jubran e Tatiana Bisson.
A TRAMA REALIZOU UM EVENTO NA GIBITECA HENFIL PARA LANÇAR SUAS REVISTAS.
DA ESQ. PARA A DIR: MÁRCIO ALEX SUNDER, ARTHUR GARCIA, ALEXANDRE NAGADO, ANDRÉ VAZZIOS, MARCELO CASSARO, MARCELO CARIBÉ E JOE PRADO. (REPRODUÇÃO DE FOTO PUBLICADA NO N. 1 DE BLUE FIGHTER).
ANÚNCIO DE LANÇAMENTO DA SÉRIE UFO TEAM. NOTEM QUE A COLORIZAÇÃO POR COMPUTADOR, ERA DIVULGADA COMO NOVIDADE.
Depois viria, BLUE FIGHTER, também em 3 edições. Uma fuga da editora do gênero RPG, para o mangá, cujo estilo começava a motivar artistas brasileiros. Criação de Alexandre Nagado, expert no assunto, desenhos de Arthur Garcia (que já se consagrava no gênero graças ao sucesso de STREET FIGHTER pela Escala). Um parênteses: fiz teste para colorizar BLUE FIGHTER e até fui aceito pelo autor, mas não passei pelo crivo do diretor de arte da Trama. Queria muito ter participado disso tudo. Enfim, as cores foram feitas pelo grande Rod Reis e também pelo Núcleo de Arte do professor Ismael dos Santos.
ANÚNCIO DE LANÇAMENTO DE BLUE FIGHTER. 1997
CAPA DO NÚMERO 1 DA SÉRIE LUA DOS DRAGÕES.
ANÚNCIO DE LANÇAMENTO DE LUA DOS DRAGÕES.
ASSIM É O VISUAL DE LUA DOS DRAGÕES.
Dessa fase, com exceção de GODLESS e BLUE FIGHTER, todos os outros títulos tinham roteiro e criação de Marcelo Cassaro.
Com um orçamento enxuto, muitas vezes Cassaro fazia diagramação, letras, e com isso conseguia remunerar bem os seus colaboradores. Segundo ele, com uma verba que um editor usaria para produzir uma revista, ele fazia três, quatro títulos. Depois vieram edições menores e alguns tropeços. KILLBITE, em duas edições, criação de Cassaro e Joe Prado, com desenhos de Dino Gomes e Wagner Fukuhara nas cores. LILO, de Klebs Junior, com arte dele, Sam Hart nas cores e Luke Ross na capa, prometia sair em três edições, mas apenas o número 1 chegou ás bancas. A revista promovia também o lançamento do curso IMPACTO, de Klebs, Luke Ross, Fabio Laguna e Manny Clark, em parceria com a Trama, visando formar novos artistas para trabalharem para o exterior. Em seguida, dois títulos lançados em one-shot (única edição): PREDAKONN, escrita e desenhada pelo Marcelo Cassaro, com cores de Tatiana Bisson e Wagner Fukuhara e DRAGONESA, com arte de Evandro Gregório (mais conhecido hoje como Greg Tocchini, um grande desenhista, com trabalhos feitos para a Marvel e DC Comics).
Nos anos seguintes, com menor intensidade, a TRAMA continuou investindo em hq, porém publicando material produzido aqui com franquia internacional. MORTAL KOMBAT e STREET FIGHTER ZERO3, já publicados pela Escala, voltavam ás bancas. A primeira no traço de Eduardo Francisco e a segunda trazia a então estreante Erica Awano. Em 2000, surge também VICTORY, minissérie de Marcelo Cassaro, com roteiro de Petra Leão, desenhos de Eduardo Francisco e cores de Ricardo Riamonde.
CAPA DO ÚLTIMO NÚMERO DE HOLY AVENGER.
CAPA DO ARTBOOK DE HOLY AVENGER.
MARCELO CASSARO, CRIOU UM CENÁRIO DE RPG 100% BRASILEIRO, QUE RENDEU LIVROS, QUADRINHOS E SÉRIES. E CONTINUA FAZENDO SUCESSO.
ANÚNCIO DE VICTORY, PUBLICADA COM SUCESSO NOS EUA.
Fala Ale! Excelente matéria!!! Lembro qdo ia nas bancas nessa época e vendo tantas revistas nacionais saindo, foi que me entusiasmei em desenvolver a Jaguara. Realmente, foi uma inspiração. Mas hoje, parece que muita coisa vai convergir para o digital... Vamos aguardar! Parabéns pela matéria!!!!
ResponderExcluirObrigado, Altemar!!! Legal saber que essa turma aí te inspirou! Realmente o material produzido por eles, é de excelente qualidade! Abração e agradeço o elogio!
ExcluirMuito bom saber que essa iniciativa motivou e revelou milhares de artistas consagrados e que hoje milhares de fãs viraram quadrinistas amadores e profissionais !!
ResponderExcluirParabéns galera !!
Parabéns pelo artigo! Eu li e tenho até hoje os quatro volumes da Godless, também publicada pela Trama e lembro que eu adorava essa HQ.
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